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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NOSSO CACHORRO PERFEITO


Nosso Dia de Reis começou com uma despedida dolorosa (como são todas as despedidas). Hoje, nossa Cacau partiu desse mundo e voltou pra casa, aquele lugar azul e tranquilo onde nos encontraremos um dia. Tem lágrimas demais nos meus olhos hoje deixando tudo muito cinza, então serei breve. Cacau foi um cachorro estranho. Esquisito. Andava de lado. Tinha um rabo ruim. Pelo de arame. Arrotava na nossa cara. Soltava pum e se assustava com o barulho. Bagunçava a minha cama. Roubava comida. Comida tudo. Tudo mesmo! Não acertava a porta. Tinha unhas de harpia. E tinha medo de cachorro. Não gostava de abraço, mas gostava de um carinho. Dito isso, quero dizer que você foi o melhor cachorro do mundo, Cacau. Ela ia fazer 14 anos e morreu de repente, no veterinário. Teve tudo que pudemos oferecer e ela nos deu sua companhia estranha e incrivelmente divertida. Então, também quero dizer “Obrigada, Cacau! Você tornou nossas vidas muito divertidas e muito mais coloridas!”. Cacau veio da Suipa. Era o último filhote não adotado de uma feira de adoção onde fui fazer uma matéria. Ela me acompanhava com os olhos quando eu passava, mesmo quando crianças a pegavam no colo. Parecia tão quietinha e calma. Não resisti e peguei. Renato a amou a primeira vista. Nós a amamos a primeira vista. Ela já estava morando com meu pai há muitos anos, pois depois que descobriu o advento do quintal (e das mordomias que só avós dão), nunca mais quis saber de voltar para um apartamento.


Os lobos da Alcateia conhecem a Cacau desde pequenininha, quando ela usava uma roupinha amarela, fazia xixi no mapa do RPG que estávamos jogando e soltava suas bombas químicas no seu jornalzinho (minha única fonte de informação do mundo lá fora, gentilmente apelidado de “O Jornal da Cacau”. A Cacau era tão carismática que foi o primeiro cachorro a usar fantasia no Carnaval em Araruama! Todo mundo queria tirar foto com ela. Uma criança se surpreendeu: “Olha, mãe! Um vira-lata vestido!”. Cacau nunca enganou suas raízes. Era vira-lata, sim! Ninguém nunca ia perguntar (e nunca perguntou) se ela era mistura de alguma coisa, ou de que raça ela era, porque era pra lá de evidente. Cacau era o supra-sumo dos vira-latas, a essência mais pura da vira-latisse.
Mas mesmo cachorros perfeitos como a Cacau, que tinha todos os defeitos do mundo, precisam voltar pra casa. Como nós. O tempo deles é diferente aqui na terra porque eles aprendem muito mais rápido do que nós o que é realmente importante: amor, fidelidade, simplicidade, lealdade, ser feliz de verdade em qualquer idade (porque nós sabemos que cachorros são nenéns que não crescem nunca).
Nosso tempo juntas acabou, ao menos nesse plano. Espero que um dia nós possamos nos encontrar de novo, e que até lá, nossas lágrimas aqui em casa já tenham secado. Até lá, ficam as lembranças, a saudade e, é claro, as lágrimas.

 
Amamos você, Cacau. Hoje e sempre.

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